Pelo menos 64 pessoas perderam a vida e outras 81 foram detidas nesta terça-feira (28) durante uma ampla operação conjunta das Polícias Civil e Militar do Rio de Janeiro contra o Comando Vermelho, nas comunidades dos complexos do Alemão e da Penha.
De acordo com informações da Polícia Civil, entre os mortos estão quatro agentes das forças de segurança. Há também relatos de feridos, tanto entre policiais quanto entre moradores da região.
A megaoperação mobilizou cerca de 2,5 mil policiais, com o objetivo de cumprir cem mandados de prisão em uma área que abrange aproximadamente 9 milhões de metros quadrados.
O governador Cláudio Castro (PL) classificou a ação como “a maior já realizada pelas forças de segurança do Estado do Rio de Janeiro”. A ofensiva integra a chamada Operação Contenção — uma ação permanente voltada ao enfrentamento e contenção da expansão do Comando Vermelho.
Durante a manhã, criminosos utilizaram drones para lançar explosivos contra os agentes e, em meio à ofensiva policial, foram vistos fugindo em fila indiana pela Vila Cruzeiro.
Em retaliação, criminosos ergueram barricadas e incendiaram veículos em diversos pontos da cidade, o que levou o Centro de Operações e Resiliência (COR) a elevar o nível operacional do Rio para o estágio 2, em uma escala de 5.
Diante da gravidade da situação, a Polícia Militar colocou todo o efetivo nas ruas e suspendeu as atividades administrativas.
Em entrevista concedida à TV Globo, o secretário de Segurança Pública do Estado, Victor Santos, afirmou que o governo fluminense está enfrentando o problema sem auxílio federal, após pedidos de apoio das Forças Armadas terem sido negados.
“No passado recente, buscamos esse apoio, mas não fomos atendidos. Enfrentamos uma área de 9 milhões de metros quadrados dominada pelo crime, com becos estreitos, construções irregulares e um cenário de desordem urbana. É impossível lidar com isso apenas com o efetivo estadual”, afirmou.
O secretário também destacou a complexidade do desafio: “São quase 1.900 favelas em todo o estado. O Rio é o quarto menor em território, mas o terceiro mais populoso. Já apreendemos mais de 600 fuzis nas mãos de criminosos. É um diagnóstico preocupante. O estado vem combatendo essa realidade sozinho há anos. É fundamental que governo federal, estadual e municipal trabalhem juntos, sem ideologias.”
Em resposta à BBC News Brasil, o Ministério da Justiça e Segurança Pública declarou que tem atendido a todos os pedidos de apoio do governo do Rio para o envio da Força Nacional.
“Desde 2023, foram feitas 11 solicitações de renovação da Força Nacional de Segurança Pública (FNSP) para atuação no território fluminense, todas aceitas”, informou a pasta.
O ministério ressaltou ainda que a Força Nacional permanece atuando no estado desde outubro de 2023, com previsão de permanência até 16 de dezembro de 2025 — podendo o prazo ser prorrogado conforme a necessidade.

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