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O governo dos Estados Unidos, sob a administração de Donald Trump, exigiu a libertação imediata do pastor chinês Jin Mingri, também conhecido como Ezra Jin, que foi detido pelas autoridades da China. O pedido foi feito oficialmente pelo Departamento de Estado após uma nova onda de repressão contra igrejas domésticas e grupos religiosos não reconhecidos pelo governo chinês.


De acordo com informações da família, Jin foi preso em 11 de outubro, dentro de sua própria casa, na cidade de Beihai, província de Guangxi. No mesmo período, cerca de 30 líderes e fiéis ligados à Igreja de Sião também foram detidos ou desapareceram em diferentes cidades, incluindo Pequim, Xangai e Shenzhen.


O secretário de Estado Marco Rubio divulgou uma nota condenando as prisões e apelando ao governo chinês para que respeite o direito à liberdade de culto para pessoas de todas as crenças, inclusive as que frequentam igrejas domésticas. “Essa repressão mostra, mais uma vez, a hostilidade do Partido Comunista Chinês contra os cristãos que se recusam a permitir a interferência do Partido em sua fé e escolhem adorar em igrejas independentes”, declarou Rubio.


Com 56 anos, o pastor Jin é o fundador da Igreja de Sião, uma congregação evangélica não denominacional criada em 2007 e considerada uma das maiores igrejas não registradas da China. Ele participou das manifestações pró-democracia na Praça da Paz Celestial, em 1989, e converteu-se ao cristianismo logo depois. Mais tarde, formou-se no Seminário Teológico Fuller, na Califórnia.


A Igreja de Sião foi oficialmente fechada em 2018, após uma operação policial em seu templo em Pequim. Desde então, os cultos passaram a ser realizados de forma online, alcançando até 10 mil pessoas em plataformas como Zoom, YouTube e WeChat, segundo o The Wall Street Journal.


A filha do pastor, Grace Jin Drexel, que trabalha no Senado dos EUA, informou que o pai continuava orientando a congregação à distância, mesmo sob vigilância e proibido de deixar o país. Sua esposa, Chunli Liu, vive nos Estados Unidos desde 2018 com os três filhos, todos cidadãos americanos. “Eles têm medo da influência do meu marido”, afirmou Liu em uma entrevista em vídeo.


Grace relatou ainda que o pai tentou renovar o visto na Embaixada dos EUA em Pequim, mas foi impedido e obrigado a deixar a capital. Desde a prisão, a família não conseguiu mais contato com ele, e não há informações sobre eventuais acusações formais.


Segundo o pastor Sean Long, que lidera a Igreja de Sião nos Estados Unidos, Jin pode estar sendo acusado de “divulgação ilegal de conteúdo religioso” — um crime que passou a ter punições mais severas após novas regras adotadas em setembro, exigindo registro estatal para qualquer atividade religiosa. Long teme que o pastor possa enfrentar uma longa pena de prisão.


Grace contou que o pai vinha manifestando o desejo de se afastar do cargo e se reunir à família nos Estados Unidos. “Parecia que algo grande estava prestes a acontecer novamente. Só não sabíamos quando nem o que seria”, declarou ela ao The New York Times.


Membros da igreja afirmaram ter medo de que a repressão se intensifique. No domingo, 12 de outubro, fiéis divulgaram relatos de novas detenções e desaparecimentos, demonstrando preocupação de que toda a liderança da Igreja de Sião possa ser presa, conforme noticiado pelo The Wall Street Journal.


O ativista Bob Fu, fundador da ChinaAid Association, descreveu as prisões como “a mais ampla e coordenada onda de perseguição” contra igrejas domésticas na China em mais de quatro décadas. Já Corey Jackson, da Luke Alliance, considerou esta “a operação mais significativa desde 2018” e alertou que “a situação ainda pode se agravar”, segundo informou o The Christian Post.


Embora a Constituição chinesa garanta oficialmente a liberdade religiosa, o Partido Comunista Chinês, que adota o ateísmo como princípio, reconhece apenas instituições religiosas controladas pelo Estado. Estima-se que dezenas de milhões de cristãos frequentem igrejas domésticas sem registro, que são constantemente alvo de vigilância, intimidações e detenções.


Mesmo organizações reconhecidas, como o Movimento Patriótico das Três Autonomias (protestante) e a Associação Católica Patriótica Chinesa, estão sujeitas a censura e à supervisão de líderes escolhidos pelo governo. Sob o comando de Xi Jinping, o regime vem ampliando o controle sobre grupos religiosos independentes, rotulando alguns como “seitas” e incentivando a população a denunciá-los.

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